A atitude natural perante o mundo produz, a partir das experiências vividas pelos homens, um tipo particular de conhecimento geralmente designado por Senso Comum. Este é o modo comum e corrente do conhecimento humano que se adquire no contacto directo com a realidade. Assim, o senso comum é este saber empírico e que de imediato adquirimos espontaneamente sem nenhuma procura sistemática ou metódica e sem qualquer estudo ou reflexão prévia.
O senso comum é um conjunto de saberes e opiniões que uma determinada comunidade humana acumulou no decorrer do seu desenvolvimento. Sendo produto das experiências vividas por um povo, esse saber comum constitui um património que herdamos das gerações anteriores e que partilhamos com todos os indivíduos da comunidade a que pertencemos.
Dificilmente conseguiríamos sobreviver se não pudéssemos extrair da nossa experiência do mundo e da vida este grande conjunto de conhecimentos que servem de guia para as nossas acções e decisões do quotidiano, de orientador das nossas relações com os outros homens e de instrumento para a nossa adequação ao meio em que vivemos.
Se, por um lado, a constância e repetição das experiências conferem ao saber comum que delas extraímos uma credibilidade e uma confiança que conduzem à generalização dos casos particulares em princípios e regras de actuação e julgamento, por outro, a ocorrência de novas e diferentes experiências, que contradizem a nossa crença e os nossos hábitos, revelam os limites que o senso comum possui como ponto de partida e fundamento para um verdadeiro conhecimento da realidade. É esta dupla condição que torna o senso comum uma realidade cultural multifacetada.